O dia 02 de novembro é uma data que reúne, em torno da mesma verdade e dos mesmos sentimentos, todas as pessoas, independentemente do credo, cor, raça ou orientação filósofo-ideológica que possuam.
É dia de finados - O dia no qual comemoramos a memória dos entes queridos que nos precederam na passagem para a eternidade. A mesma e única verdade que une a todos é essa: a morte é uma certeza para cada vivente. É um decurso, natural e possível de ser evitado. Cultivar a memória das pessoas falecidas é algo que está enraizado na própria condição do ser humano como ser racional. De fato, as primeiras e últimas perguntas que fazemos em torno da nossa realidade são: quem somos, de onde viemos, para onde vamos? As respostas nos vêm da própria inteligência: somos, como seres humanos portadores de dignidade única em relação a outros seres, e somos portadores de um mistério que nos permite intuir que a nossa existência não se esgota no limite dos poucos anos de existência da matéria.
Cultivar a memória dos falecidos faz parte das grandes culturas da humanidade. Ao contrário, condenar alguém ao esquecimento é uma das piores condenações. Visitando, no dia de finados, as sepulturas, renovamos dentro de nós a gratidão e o amor às pessoas queridas e lhes asseguramos que o bem e os valores nobres por eles ensinados continuam vivos na nossa vida e no nosso modo de ser.
Acima dos sentimentos e intuições puramente humanos sobre o mistério da morte, temos a luz infalível da Revelação Divina, dada aos que creem em Deus, na Sagrada Escritura e na própria pessoa de Jesus Cristo, Filho de Deus feito Homem. Cumpre, portanto, dizermos o que a fé nos diz a respeito do mistério do homem, da vida e da morte.
O homem não é fruto do acaso ou da simples evolução da matéria. Provém de Deus e em Deus encontra o seu fim último.
A liturgia católica descreve os sentidos da morte da seguinte forma: “Senhor, para os que creem em vós, a vida não é tirada, mas transformada”. Realmente, a morte é transformada por Jesus Cristo, o Filho de Deus, que sofreu também a morte, própria da condição humana, mas transformou a sua “maldição e benção” (CIC-1009).
Graças a Cristo, morte é um sentido positivo. Diz São Paulo: “ Para mim, a vida é Cristo, e morrer é lucro” (FL 1, 21).
A novidade essencial da morte cristã está nisto: pelo Batismo, o cristão já está sacramentalmente “morto com Cristo”, para viver de uma vida nova; e, se morremos na graça de Cristo a morte física consuma esse “morrer com Cristo” e completa, assim, a nossa incorporação a ele no seu amor redentor (CIC—1010).
Deste o século II, alguns cristãos rezavam pelos falecidos visitando os túmulos dos mártires para rezarem pelos que morreram. No século V, a Igreja dedicava um dia do ano para rezar por todos os mortos, pelos quais ninguém rezava e dos quais ninguém lembrava. Já no século XIII esse dia anual passa a ser comemorado em 02 de novembro, porque 01 de novembro é a Festa de Todos os Santos.
A doutrina católica evoca algumas passagens bíblicas para fundamentar sua posição (Tobias 12, 12; Jó 1, 18-20; MT 12, 32 e II Macabeus 12, 43-46), e se apoia em uma prática de quase dois mil anos.
Diác. Wellington, CDMD.
Fonte: Dom João Wilk, OFMConv. CIC, Wikipédia.